sábado, 3 de julho de 2010

Os espiões da atualidade não são de verdade


Ai que saudades da Guerra Fria, quando se faziam espiões de verdade. “Camarada Andropov, os americanos vão invadir a Sibéria pelo Alaska”. Agora não. Com a globalização dos interesses, o mundo perdeu o suspense.

Esses espiões eram super treinados e imitavam tão bem os americanos que chamavam atenção. “Hi, Dude. What is up man? Só faltava uma coisa: não havia o que espionar. “Que cacete estavam espionando aqui?”, chiou um agente da CIA.

Agora os americanos vão ter de ser espiões, desses espiões, para descobrir o que espionavam. Entre eles há uma espiã gostosérrima. Um agente foi investigá-la e gamou: “não conheço você da Califórnia?. “Não sou modelo”.

Um vizinho estranhou o sotaque de outro e perguntou: “você é russo?”. “Não sou belga, só me interesso por música russa: Tchaikowski”. A tarefa deles era descobrir ‘gossips’, isso, fofocas sobre política.

Um deles espionou a tendência de alta do ouro na bolsa de Nova York. É verdade. Imaginem: “agente 0015 venda British Petroleum e compre IBM”. Ou então: “chefe Wladimir, tento descobrir se o Obama tem amante? Parece que a Sarah Palin vai largar o marido e casar com um esquimó” e dai para baixo: “comandante, o melhor hambúrguer de Nova York é no PJ Clarks”.

Ah! Saudades de James Bond e do satânico Dr. No.

O silêncio da miséria, a paz do nada, onde vagam os vassalos do feudalismo nordestino.

Você já viajou pelo interior de Alagoas? Há alguns meses eu fui de carro até uma cidade a apenas uma hora e meia de Maceió. Parecia um deserto vermelho de barro, pontilhado de miseráveis vilarejos de uma só rua.

O motorista dizia: “isso aqui é tudo de Renan, isso aqui de Lira, isso aqui de fulano, sicrano”. Eu olhava e só via vazios com algumas almas penadas nas estradas. “E isso aqui é do MST.”

Andamos meia hora sem ver casas, nem plantações, além de algumas usinas desativadas. Era o silêncio da miséria, a paz do nada, onde vagam os vassalos do feudalismo nordestino. Aqueles municípios paralíticos já são catástrofes secas, só que silenciosas, paradas no tempo.

De repente, esta tragédia fixa, quase invisível, se transformou em uma tragédia bruta e retumbante. Ai, o verdadeiro Brasil apareceu diante de nós: abandonado, sem verbas, só usadas por interesses políticos do governo.

Só nos restou a solidariedade, mas como sentir a dor de um pobre homem catando comida na lama para dar ao filho chorando no colo? Dizendo o que? “Aí que horror?”

A solidariedade tinha de vir antes para proteger aqueles brasileiros raquíticos, famintos, analfabetos, que só são procurados pelos donos do nordeste para votos ou para serem “laranjas” em roubalheiras das oligarquias.